No último final de semana, Interlagos foi palco da última etapa de endurance da Porsche GT3 Cup Challenge. Em uma corrida movimentada e debaixo de forte garoa, estavam em jogo nada menos do que quatro títulos para as categorias Overall Cup e Challenge; Endurance Cup e Challenge.
Os grandes vencedores foram Rodrigo Baptista e Sérgio Jimenez no carro #3 correndo na Cup. Na challenge, Marcio Basso e Nonô Figueiredo no carro #2 ocuparam o lugar mais alto do pódio. Os grandes campeões foram: Overall Cup – Miguel Paludo, Endurance Cup – Alan Hellmeister, Overall Challenge – Eloi Khouri e Endurance Challenge – Rodrigo Mello e Tom Filho. Paludo ainda conquistou o direito de correr a preliminar das 24 Horas de Le Mans em 2017, uma prova na qual largam mais de 40 Porsches e pilotos do mundo todo.
O sábado começou com o Sol forte no sempre maravilhoso Autódromo de Interlagos, mas na hora da largada uma chuva começou a se formar. A chuva não veio de início, mas uma garoa forte acompanhou a prova inteira. Os 26 volantes largaram de forma comportada e os fantásticos Porsches 911 GT3 passaram ilesos pelo “S” do Senna. Mas a timidez terminou logo na próxima curva com a ultrapassagem de Daniel Serra no #99 em cima de Alan Hellmeister, que largou na pole com o #5.
Com 15 minutos de prova e 9 voltas percorridas, Serra tinha 2s de margem sobre Hellmeister, que vinha com mais 4s sobre Jimenez. Zonta e Ricardo Maurício completavam o top5. Em oitavo, Paludo era o piloto com maior ganho de posições, após largar em 12o com o carro #7.
Na Challenge o top 5 seguia inalterado, mas a má notícia era a parada no box para o carro #19, que perdeu quatro voltas, minando as esperanças de Rodrigo Mello levantar o título “overall”.
O carro #16, de Marcelo Hahn e Allam Khodair, também entrou antes do esperado nos boxes, com menos de 30 minutos de prova. Na Porsche, cada piloto pode seguir em um stint máximo de 35 minutos, com tolerância de 3 minutos. As paradas devem cumprir um tempo mínimo de seis minutos. O reabastecimento é feito como em um carro de rua, com mangueiras que lembram muito as de postos de combustível e mecânicos não podem trocar os pneus antes que o tanque esteja completo.
O bacana é ver os pilotos loucos para voltar para pista enquanto um membro da equipe segura um cronômetro para não liberar o 911 antes do tempo e levar punição. Assim que o relógio marca seis minutos, os volantes saem de burnout marcando de preto o concreto branco da área de pit.
Na estratégia de box, Jimenez arriscou permanecer mais uma volta na pista, o que rendeu ao #3 a primeira colocação, retornando à pista à frente de Nelsinho Piquet com o #5, que ficou encaixotado atrás de carros da Challenge. Ricardo Zonta, que correu ao lado de Lico Kaesemodel no #63, também se aproveitou e veio grudado #5. Na abertura da volta 25, passou Piquet e partiu no encalço de Rodrigo Baptista.
Com a garoa apertando, muitos carros já acionavam suas luzes e limpadores de para-brisa. A visibilidade já estava comprometida em metade do circuito com todo o miolo molhado. Na 50ª volta a garoa virou chuva leve, pegando alguns de surpresa e forçando alguns carros a visitar a área de escape da curva do Sol.
A briga seguia boa na pista com os carros #7 de Paludo e #4 de Valério na Cup e o #23 de Cozzi e o #55 de Vario na Challenge em duelos emocionantes. Mais à frente, Valdeno Brito no #77 apertou o #4 forçando o erro de Valério, que foi ultrapassado.
O momento mais tenso da prova veio na volta 68. Daniel Schneider no #99 colocou a roda na faixa branca molhada e rodou na curva do Sol imediatamente à frente do carro #18, de Alan Turres, que teve muita perícia para evitar uma bela pancada na porta de Schneider. Os dois seguiram sem contato entre os carros e os espectadores recuperaram o folego depois do susto.
Na volta 73, o campeão da F3 Brasil estacionou o carro #55 no miolo, abandonando. Nonô herdou a liderança da Challenge. Mas a dupla Iorio-Vario foi autorizada a retornar à corrida com o carro reserva nas mãos do ítalo-panamenho.
Com a noite, veio o espetáculo de discos incandescentes. Após horas de corrida, os quatro freios dos Porsches se iluminavam na forte freada da primeira curva. Os faróis riscavam o breu e holofotes revelavam trechos de pista para os pilotos e espectadores.
Com marbles espalhados fora do traçado, alguns carros mostravam sinais da batalha, como o de Nelsinho Piquet que se enroscou com um retardatário no Bico de Pato. Vários carros travavam o dianteiro esquerdo no ínicio do “S”. O carro #25 de Guilherme Reischl e Mauricio Salla rodou na segunda perna, criando uma belíssima cena com a noite, fumaça e holofotes.
Depois da última parada dos ponteiros, JP Mauro aparecia em primeiro, mas ainda obrigado a cumprir o último pit. Jimenez era segundo, Hellmeister o terceiro. Depois vinham Khodair, Zonta e Paludo. Na Challenge, a ordem mostrava Nonô, Cozzi, Dirani, Pedro Nunes e Rouman Ziemkiewicz.
No stint final, Hellmeister bem que tentou, mas Jimenez defendeu bem a posição para cruzar a linha na primeira colocação. Khodair terminou em terceiro, Zonta em quarto e Paludo em quinto. Na Challenge deu Nonô Figueiredo, seguido por Cozzi, Dirani, Tom Filho e Ziemkiewicz.
A festa não terminaria por ali. A organização deu um show pedindo para todos os espectadores invadirem a reta dos boxes no meio da noite. Uma carreta apontava na contramão vindo da antiga curva 1 – era o pódio que vinha com luzes e fumaça para coroar os vencedores no meio da pista. Do outro lado, vindo do café, todos os carros vieram alinhados como se fossem largar novamente e adentraram o público para uma bela festa.
Com 65 pilotos no grid, a prova de 500 km foi a mais longa da história de 12 anos do campeonato de Gran Turismo, que retorna em 2017, com corridas de endurance, sprint e etapas internacionais.
Confira a classificação final e a grande galeria de fotos:
- #3 Rodrigo Baptista e Sérgio Jimenez
- #5 Alan Hellmeister e Nelsinho Piquet
- #16 Marcelo Hahn e Allam Khodair
- #63 Lico Kaesemodel e Ricardo Zonta
- #7 Miguel Paludo e Justin Allgaier
- #77 Ricardo Baptista, Daniel Schneider e Valdeno Brito
- #0 Cacá Bueno, Claudio Dahruj e Marcelo Franco
- #4 Beto Valério e Felipe Fraga
- #99 Tom Valle e Daniel Serra
- #54 Werner Neugebauer e Ricardo Rosset
- #88 Edu Azevedo, Antonio Pizzonia e Sylvio de Barros
- #34 Maurizio Billi e Ricardo Mauricio
- #8 Darío Giustozzi, Esteban Gini e Gaston Mazzacane
- #2 CHA Marcio Basso e Nonô Figueiredo
- #23 CHA Eloi Khouri, Marco Cozzi e Enzo Bortoleto
- #53 CHA Rodolfo Toni e Dennis Dirani
- #19 CHA Rodrigo Mello, Tom Filho e Pedro Nunes
- #27 CHA Rouman Ziemkiewicz e Luis Fernando Elias
- #38 CHA Roberto Samed e Marcio Mauro
- #18 CHA Alan Turres e Carlos Ambrósio
- #69 CHA Sergio Maggi, Mau Zanella e Franco Giaffone
- #11 CHA Luca Seripieri e Betinho Gresse
- #50 CHA Ramon Alcaraz e Luciano Burti
- #12 CHA Christian Hahn e Renan Guerra
- #55 CHA Marcus Vario e Matheus Iorio
- #17 CHA Alcides Amaral, Rodrigo Hanashiro e Marcelo Parodi
Fotos:
Ricardo Varoli