Lá nos primórdios da Igreja Católica, o Papa era transportado em liteiras. Se você não vê e/ou lê Game of Thrones, uma liteira é nada mais do que uma cadeira com duas travessas de madeira, que são erguidas por quatro ou mais homens e transportadas à mão.
Com o passar do tempo, veio a maior invenção da humanidade: o carro. A coisa se modernizou e, em 1929, Robert Katzenstein, encarregado da propaganda da Mercedes-Benz, teve a grande sacada de transportar o “king of black cocada” da igreja em um carro da marca.
O primeiro foi entregue pelos alemães em 1930 ao Papa Pio XI, mas só ganhou o nome de papamóvel décadas depois, nos anos 80. Tratava-se de uma limusine Nürburg 460 Pullman feita especialmente para ele. Em uma voltinha pelos jardins do Vaticano, Pio XI declarou: “Uma obra-prima da engenharia moderna!”.
Depois veio o 300D Landaulet conversível para o Papa João XXIII, o 600 Pullman Landaulet e o 300 SEL para Paulo VI e, finalmente, em 1982, veio o carro que deu nome a este veículo, o Classe G modificado com uma espécie de aquário à prova de bala para proteger João Paulo II, que havia levado chumbo em um atentado no mesmo ano.
O Classe G foi substituído pelo ML 430 em 2002, mas o carro usado na visita atual de Francisco ao Brasil ainda é o modelo antigo e sem aquário, o que deve ter dado um belo trabalho ao “Capitão Nascimento” atual do BOPE. Francisco abriu mão da proteção para ficar mais próximo aos fieis.
Os números de desempenho são dignos de um esportivo: 0-100 em 5.9 segundos e máxima de 210 km/h (que não deve ser ajudada pelo “apêndice aerodinâmico”). O motor é um V8 5.4 que desenvolve 382cv de potência e 54 Kgfm de torque, o bastante para fazer a Vossa Santidade rezar um Terço inteiro caso o motorista pise fundo.
A última invenção no que se refere ao transporte papal foi ideia do ex-Papa Bento XVI, que queria um veículo mais verde para combinar com os novos tempos. A ETA (não os separatistas bascos), Associação de Transportes Ambientais do Reino Unido, criou um papamóvel movido à hóstia e vinho. É uma espécie de Riquixá moderno com um coroinha nos pedais, mas que conta com aparatos de segurança e um motor elétrico para emergências capaz de atingir 61 km/h. As foquinhas e ursos polares agradecem.
A única coisa que não nos agradou é que o Pontífice conduzirá uma missa bem no horário da Fórmula 1. Como sempre, a emissora nos deixará de lado, se quiser acompanhar o GP da Hungria, só pela TV a cabo.
Fotos:
Divulgação / Mercedes-Benz
Divulgação / ETA