Porsche 911 comemora 50 anos

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Há exatos 50 anos, era lançado no salão de Frankfurt de 1963 o modelo mais emblemático da Porsche, o 911.

Desenhado pelo próprio mestre do design automotivo Ferdinand Porsche, o modelo criou uma imagem da marca que não largou as linhas clássicas do modelo. É impressionante como os desenhistas conseguem manter a tradição nos carros de hoje. O 911 talvez seja o único modelo de esportivo inconfundível até para aqueles que não conhecem muito sobre carros.

Do Cayenne ao 918, passando pelo marco histórico 959, praticamente todos os modelos da marca carregam um pouco do mito 911.

O primeiro

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Com a missão de substituir o 356, primeiro modelo da marca, o Modelo F, trazia um motor traseiro flat-six (ou boxer 6 cilindros) 2.0 refrigerado a ar (semelhanças com o Fusca não são coincidência) que gerava 128cv. Não parece muito, mas lembre que estamos em 1963, e esse motor levava o carro à velocidade máxima de 209 km/h.

O carro era um 2+2 com quatro assentos, se bem que acho que nem Tyrion Lannister  se acomodaria bem atrás.

Ainda foi feita uma versão de 4 cilindros, rendendo 90cv de seu motor 1.6. O número impressiona até hoje. Carros 1.6, por exemplo o Gol, rendem aproximadamente 100 cv, isso após cinco décadas de evolução automotiva!

Três anos mais tarde, em 1966, foi lançado o 911 S, com motor de 160 cv. Mas sua maior contribuição para história foram as inconfundíveis rodas Fuchs. No mesmo ano, veio a versão Targa.

No ano seguinte, veio a transmissão “Sportomatic” semiautomática de 4 marchas, e dois anos mais tarde a cilindrada começou a subir para 2.2.

A última versão da “era clássica” foi a Carrera RS 2.7 com seu motor rendendo 210 cv, que somados aos 1.000 kg, levavam o carro à máxima de 244 km/h. Ainda foi o primeiro a vir com o aerofólio “ducktail” (cauda de pato), que adicionava alto downforce.

Modelo G

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O Modelo G surgiu dez anos após o primeiro e foi a geração mais longa, durando até 1989.

Em 1974, a Porsche lançou o modelo que todo o bom entusiasta sonha em dirigir antes de morrer: o 911 Turbo.

Com seu lag “coice de mula”, o modelo 930 (número interno dado pela fábrica) trazia aerofólio ainda maior apelidado de “whale tail” (cauda de baleia) e seu motor 3.0 conseguia 260 cv, levando o carro de 0-100 em 5.5 segundos com máxima de 246 km/h. Ainda mais impressionante era sua estabilidade, que fazia alegria dos motoristas, principalmente nas sinuosas estradas europeias.

Mais tarde, em 1977, foi lançado um motor 3.3 com intercooler para elevar a potência para 300 cv.

Foram lançadas versões Targa e Cabriolet, e a estranha Flachbau, com faróis escamoteáveis e um para choque redesenhado.

Versão 964

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Chegando em 1988, está versão conviveu durante um ano com a anterior. O modelo 964 sofreu mudanças radicais em seu “recheio”, pois mudar o design radicalmente é impensável, com cerca de 85% de suas peças sendo novas.

Uma grande novidade foi o aerofólio traseiro, que era móvel, sendo erguido automaticamente a altas velocidades para dar mais estabilidade ao carro. Também nesta versão foi introduzido o câmbio Tiptronic que permitia trocas pelo volante e que virou sinônimo de câmbio automatizado.

Foi lançada uma versão com tração nas quatro rodas, o Carrera 4, que ainda permanece disponível.

O motor mais potente desta geração foi lançado em 1993. O flat-six 3.6 turbo com 360cv do 964 levava o carro a máxima de 281 km/h. Mas a brincadeira era para poucos. Apenas 1.500 modelos foram feitos, tornando-o o segundo mais raro, atrás do 959.

Ainda foram feitas versões para as pistas, como a Turbo S-LM GT, que disputou as 24 de Le Mans, mas não conseguiu ir muito longe por causa de problemas mecânicos. O piloto Walter Röhrl disse uma célebre frase sobre o carro: “Você precisa saber o que está fazendo com esta fera, se não você não vai muito longe”, irônico não?

Por incrível que possa parecer, os motores ainda eram refrigerados a ar, mas estes foram os últimos, incluindo a versão GT2 de 1995, que é praticamente um carro de corrida e até hoje faz a alegria dos puristas.

Foi introduzido nesta geração o chassi de alumínio.

Versão 996

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Com o fim da refrigeração a ar veio a água para o modelo 996 de 1997. O motor continuou sendo o flat-six de sempre e na parte estética o carro ganhou faróis diferentes, não mais totalmente redondos. A aerodinâmica foi melhorada, gerando um coeficiente baixo de 0,30.

O modelo GT2 de 2000 foi o primeiro carro de rua a trazer freios de cerâmica.

Versão 997

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Em 2004 foi lançado o 997. A tecnologia invadiu o carro que trazia no Carrera S suspensão ativa e o primeiro turbo de geometria variável de um carro de rua a gasolina. O turbo variável diminui consideravelmente o lag, para saber mais clique aqui.

O sucesso do carro já era tanto que a Porsche lançou versões para todos os gostos. Entre Carrera, Targa, Cabriolet, tração traseira ou nas quarto, Turbo, GTS, GT para corridas, versões especiais, entre outras, eram 24 modelos a disposição do feliz comprador.

Versão 991

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O 991 foi lançado há dois anos, em 2011. Esta última versão do clássico continua a mesma em sua essência da primeira de 1963. O motor permanece flat-six, traseiro. Ainda a configuração de assentos é a 2+2. Sua carroceria evoluiu, mas as linhas básicas ainda estão lá.

Em um carro normal isso poderia parecer tedioso, mas um 911 não é normal. Toda sua história e tradição fazem dele uma inspiração absoluta.

É incrível como a marca consegue juntar o passado com o presente, como o exemplo do opcional câmbio manual de sete marchas, ou nos faróis ainda ovais, mas que agora tem xênon e LEDS.

São tantas histórias e tantos modelos, que fica difícil condensar tudo em um post, seria mais apropriado um livro. Sempre que se estuda este carro, se descobre algo novo. Ele se torna quase humano em sua evolução e nos deixa curiosos por descobrir as inovações da próxima geração.

Obrigado, Porsche. Que venham mais 50 anos de 911, por favor.

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Curiosidades:

-A Peugeot mudou o curso da história, pois o carro alemão deveria se chamar 901, mas os franceses reclamaram os direitos do “0” entre dois números e o nome passou para 911.
-Quando o carro chegou aos EUA, em 1965, custava “exorbitantes” US$6.500,00.
-RS significa Rennsport, traduzindo ao pé da letra, Esporte Corrida.

Fotos:
Divulgação Porsche
Stephen Hanafin (Modelo F)
Ralf Roletschek (930)
Flickr (Turbo S LM-GT)
Brian Snelson (996 GT3)